quarta-feira, 21 de maio de 2014

Gasolina adulterada prejudica o carro e o bolso.


Motorista pode pagar por qualidade e receber produto alterado, que causa problemas mecânicos no veículo

De repente, o ponteiro do tanque de combustível começa a descer mais rápido que o normal e o carro não parecer ter o mesmo desempenho. Cuidado, isso pode significar que o abastecimento foi feito com gasolina adulterada. O termo é usado para classificar o combustível fora do padrão de venda, determinado por lei. Além de notar problemas mecânicos, o motorista sente a diferença também no bolso, afinal, pagou por um produto de qualidade e foi enganado. Entender o caminho que o combustível faz até chegar ao posto pode esclarecer os motivos da prática de adulteração.

Para começar, distribuidoras credenciadas compram na refinaria a gasolina pura, denominada tipo A,  e são responsáveis por adicionar 25% de álcool anidro antes de repassar para a revenda. A gasolina disponível da bomba de combustível é a tipo C, composta por 75% de gasolina e 25% de álcool anidro.
A adulteração, portanto, pode ser a adição de maior porcentagem de álcool do que a permitida. Como o álcool sempre foi mais barato que a gasolina, o lucro da revenda será maior. O presidente da Sulpetro do Rio Grande do Sul, Adão Oliveira, garante que a prática tem interesse exclusivamente financeiro. “Aumentar a porcentagem de álcool é aumentar o ganho com a venda. Com isso, o posto honesto não consegue acompanhar a concorrência”, comenta.

Segundo Oliveira, no centro do país é possível encontrar gasolina adulterada com até 40% de álcool. Outro elemento usado para alterar a composição é o solvente de borracha. Mesmo mais caro que o álcool, ainda é mais barato que a gasolina e também reduz o preço inicial do combustível que acaba sendo vendido pelo preço geral dos postos.
As adulterações em geral são prejudiciais ao motor do carro. O solvente, por exemplo, pode ressecar as peças de borracha. Já o álcool não traz danos tão visíveis, influenciando mais no consumo de combustível. “O veículo ‘puxa’ menos gasolina para o motor e gasta mais, fazendo o carro sentir no desempenho. Carros importados, que não têm motor flex, perdem muito com a gasolina adulterada”, diz Oliveira.

chamados carros flex, cujos motores funcionam tanto com álcool quanto com gasolina, não sofrem com problemas mecânicos. Nesse caso, a perda para o motorista é financeira, já que paga por um produto de qualidade quando, na verdade, abastece o carro com combustível adulterado.
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes lembra ainda dos riscos para a saúde dos motoristas, dos frentistas e das pessoas em geral. O combustível adulterado produz mais resíduos, mais poluição, e alguns desses produtos clandestinos são até mesmo agentes cancerígenos.
sonegação de impostos também é uma preocupação do setor. De acordo com Oliveira, o ICMS está fixado em 25% do produto, o que significaria, em média, R$ 0,58/litro de álcool e R$ 0,67/litro de gasolina. “Se há a sonegação, o revendedor ganha mais dinheiro e se torna um concorrente desleal, com preços abaixo do mercado”, explica.

O Sindicato dos Postos de Combustível do Rio Grande do Sul tem 2600 postos cadastrados. Para o cliente, é difícil de identificar se a gasolina está mesmo adulterada. A determinação é de que o revendedor compre o combustível de distribuidoras fixas e faça o teste do produto, com o material cedido pela Sulpetro, antes de descarregar para os reservatórios. Caso o local aceite combustível alterado, assume as responsabilidades pela distribuição.
A fim de evitar a irregularidade, a fiscalização é constante. O trabalho evita que o percentual de postos contrários à regra cresça e se aproxime do número do centro do país. O Comitê Sulbrasileiro do Controle de Qualidade também auxilia junto aos estabelecimentos.

recomendação de Oliveira para o motorista é de abastecer sempre em postos de confiança. “Estabelecimentos menores, chamados de bandeira branca, também merecem crédito. Muitas vezes, os postos grandes é que visam mais lucro e vendem produto irregular”, comenta. Outra dica é não se iludir com preços muito abaixo da tabela, observando a média cobrada em outros postos da região.

Caso o cliente verifique a venda de gasolina adulterada, deve denunciar para a Agência Nacional do Petróleo (ANP) através do telefone 0800-970-0267. Cada posto tem uma placa com suas identificações, necessárias para a reclamação. A ANP verifica a queixa e, se for necessário, pune o posto, que pode perder seu registro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário